ESCOLAS DE FREDERICO WESTPHALEN (RS)

 

Este ano mostraremos aqui uma série de reportagens sobre escolas que vêm se destacando na OBMEP. São casos que mostram como todo o ambiente escolar - gestores, professores, alunos e responsáveis - tem sido beneficiado por trocas de experiências bastante frutíferas.


Com 30 mil habitantes, Frederico Westphalen, no Noroeste do Rio Grande do Sul, teve, na OBMEP 2015, três alunos premiados com medalha de ouro, um com prata, seis com bronze e 30 com menções honrosas.

 

As medalhas de ouro foram conquistadas pelas irmãs Mariana e Natália Bigolin Groff, da Escola Estadual Cardeal Roncalli, e por Marcéli Melchiors, do CIEP Vergínio Cerutti.

 

As explicações para o êxito dos alunos frederiquenses remontam à 1ª fase da OBMEP 2013, quando Mariana, então com 12 anos e no 7º ano do Ensino Fundamental, soube, na aula de matemática, que no dia seguinte haveria a prova da Olimpíada.

 

- Eu não fazia a menor ideia do que era a OBMEP, mas aquilo soou como um desafio novo e interessante. Olhando o cartaz da Olimpíada, um detalhe me chamou a atenção: o slogan “Somando novos talentos para o Brasil”. Pensei: quem sabe eu não posso ser um desses novos talentos?

 

Mariana fez a prova, passou para a 2ª fase e começou a estudar na semana seguinte mesmo com a amiga Patrícia Stival, utilizando os bancos de questões disponíveis no site da Olimpíada e as provas de anos anteriores. Quando saiu o resultado, em novembro, a surpresa foi grande:

 

- Medalha de ouro na OBMEP era coisa do outro mundo! Eu era de uma cidade pequena e estava entre as melhores do país em uma olimpíada com milhões de participantes! Aquilo mudou totalmente minhas perspectivas, me abriu a cabeça. Vi que, com muito empenho, eu poderia alcançar o que quisesse.

 

A repercussão na cidade foi grande. Jornais e rádios da região dedicaram espaço e tempo do noticiário à conquista da jovem. Por sua vez, a Câmara de Vereadores a homenageou no mesmo dia em que celebrou a ascensão do time da cidade, o União, à primeira divisão do campeonato gaúcho. Já a escola Cardeal Roncalli, onde Mariana estudava, estendeu uma faixa na entrada exaltando o feito da aluna.

 

- Nos últimos anos, aumentou bastante o interesse dos nossos alunos pela OBMEP. Antes, fazíamos uma faixa só com o nome da Mariana. Agora, a faixa tem de ser maior, porque há outros nomes de premiados para por. Aquela primeira medalha de ouro, em 2013, teve uma influência muito positiva sobre os alunos em geral. Serviu de incentivo – diz a diretora da escola, Rose Lara Grassi.

 

Segundo Rose, os alunos que participam mais efetivamente da Olimpíada apresentam um desempenho melhor nas aulas em geral, e não só nas de matemática.

 

- Além disso, vemos que os estudos para a OBMEP também os ajudam a aprender a organizar melhor o tempo e a desenvolver o raciocínio lógico, inclusive para resolver questões práticas do dia a dia – acrescenta.

 

Um outro benefício associado à Olimpíada é, de acordo com a diretora, o companheirismo:

 

- Aqui na cidade, os alunos, espontaneamente, têm formado grupos de estudos que visam ao treinamento para olimpíadas como a OBMEP e OBM. O espírito de solidariedade presente nesses grupos também se manifesta quando eles, por exemplo, procuram ajudar outros alunos com maior dificuldade em sala de aula. A própria Mariana, que já tinha um grupo de estudos em casa, criou um outro aqui na escola para ensinar matemática aos colegas. Os alunos vinham aqui uma vez por semana, à noite, e tiravam suas dúvidas com ela. Pouquíssimos alunos participantes deste grupo ficaram para o “exame final” – conta Rose, orgulhosa.

 

Fora o grupo criado por Mariana para dar aulas de reforço, também formaram-se na escola, algumas semanas antes da prova da 2ª fase da OBMEP 2015, grupos de alunos dos três níveis (6º e 7º anos; 8º e 9º anos; e ensino médio).

 

- Os alunos classificados para a 2ª fase vinham à escola à noite para estudar para a OBMEP, e a Mariana os orientava. Sempre que possível, nossos professores de matemática também ajudavam, trabalhando com eles os problemas dos Bancos de Questões – lembra a diretora.

 

A outra medalhista de ouro da escola, Natália Bigolin Groff, de 11 anos, participou do grupo de estudo formado com alunos do nível 1. Em casa, ela integrava outro grupo, do qual também faziam parte os colegas Marcéli Melchiors – a terceira medalhista de ouro da cidade, Giovanna Ballen, Ana Julia Nedel e Edson João Guarnieri, premiados na OBMEP 2015 com menção honrosa e medalhas de bronze, respectivamente.

 

- Com a Olimpíada, percebi que a matemática também pode ser divertida. Eu via minha irmã voltando entusiasmada dos encontros do Programa de Iniciação Científica Jr. (PIC) e pensava: também quero isso para mim. O mesmo acontecia quando assistia aos vídeos do Encontro do Hotel de Hilbert, do PIC, onde os participantes aprendem brincando. Também me motivou a estudar para a OBMEP a possibilidade de ir à Cerimônia de Premiação, no Rio de Janeiro – diz Natália.

 

Para Márceli Melchiors, de 13 anos, o grande “prêmio” da OBMEP, além do PIC e das “viagens”, é a aquisição de conhecimentos e de novos amigos.

 

- Por ser de tempo integral, minha escola oferece disciplinas complementares como, por exemplo, Experiências Matemáticas, onde, na 1ª fase da OBMEP 2015, tivemos algumas aulas sobre resolução de problemas e refizemos algumas provas de anos anteriores. Estas aulas, o PIC e sobretudo os estudos realizados em grupo me ajudaram muito a conquistar a medalha de ouro – conta.

 

Professora de matemática há 10 anos do CIEP Vergínio Cerutti, Jaqueline Trevisol ressalta o trabalho realizado na disciplina Experiências Matemáticas pela professora Eliane Cocco e, principalmente, a dedicação e capacidade de iniciativa de Marcéli:

 

- Em 2014, a Marcéli foi bronze na OBMEP e fez o PIC no ano seguinte. Já era uma menina muito dedicada e, após o PIC, passou a se empenhar ainda mais, formou grupos de estudos e nos pediu para inscrevê-las em outras olimpíadas. Ela e a Natália estudaram juntas, foram ouro na OBMEP, bronze na Olimpíada Regional de Matemática, de Porto Alegre, e menção honrosa na OBM. No caso das duas e no de alunos em geral que se interessam por olimpíadas do conhecimento, o incentivo da família também é um fator muito importante.

 

Jaqueline acredita que o ouro de Marcéli tenha reflexos este ano no interesse e resultados dos alunos na Olimpíada:

 

- Sempre buscamos incentivar nossos alunos a participar da OBMEP, e essa medalha certamente irá motivá-los ainda mais. Temos alunos ótimos que conseguem menção honrosa e que têm todas as condições de ganhar uma medalha dedicando-se mais. Vamos tentar este ano ampliar o trabalho com questões da OBMEP em uma das disciplinas complementares. Estamos na expectativa de ter em 2016 um aumento expressivo do número de medalhas – diz, confiante, a professora.

 

Um novo slogan para a OBMEP

 

Precursora da “onda dos grupos de estudos” em Frederico Westphalen, Mariana Bigolin Groff tornou-se uma referência na cidade também em virtude das premiações conquistadas entre 2013 e 2015. Foram 11 medalhas de ouro em olimpíadas do conhecimento, incluindo três na OBMEP (2013, 2014 e 2015) e uma na OBM 2015, com o primeiro lugar no nível 2 (8º e 9º anos).

 

- Meu maior objetivo agora é conseguir ser classificada para a Olimpíada Internacional de Matemática (IMO), que, em 2017, será realizada pela primeira vez no Brasil - diz Mariana, que este ano começou a estudar no Colégio Militar de Porto Alegre, onde está cursando o 1º ano do Ensino Médio.

 

Por fim, a menina que um dia imaginou que poderia vir a ser “um novo talento para o Brasil”, sugere involuntariamente um novo slogan para a OBMEP:

 

- A Olimpíada me tirou da rotina de cidade pequena e me fez enxergar as coisas de uma outra forma. Aprendi que estudando muito, me esforçando, posso ir longe. Com isso, eu e muitos colegas da minha cidade fomos participando também de outras olimpíadas, nas quais obtemos uma série de premiações. Até em atividades esportivas como a patinação, por exemplo, tive uma evolução enorme, porque tinha em mente a relação direta entre esforço e resultado. Nas duas vezes em que estive na Cerimônia Nacional de Premiação da OBMEP, no Rio de Janeiro, vi pessoas de todos os lugares, de todas as condições sociais, que tinham conseguido chegar lá. Minha relação com elas foi incrível. Aprendi muito. Ouvi várias histórias de vida diferentes. Sempre fui uma pessoa tímida, fechada, e poder conhecer aquelas pessoas todas me fez muito bem. Vindas de realidades mais ou menos complicadas, elas tinham uma coisa em comum: todas elas estavam ali porque se esforçaram. A OBMEP é isso: não importa de onde venho, o que tenho, onde moro, quem são meus pais; importa é aonde quero chegar.

 

Medalhas conquistadas por escolas de Frederico Westphalen na OBMEP 2015:

 

Escola Estadual Cardeal Roncalli:

- 2 medalhas de ouro: Mariana Bigolin Groff e Natália Bigolin Groff

- 1 medalha de bronze: Edson João Guarnieri

 

CIEP Vergínio Cerutti:

- 1 medalha de ouro: Marcéli Melchiors

 

Colégio Agrícola Frederico Westphalen:

- 1 medalha de prata: Willian Bizarro Pértile

 

Escola Estadual Afonso Pena:

- 4 medalhas de bronze: Mateus Castanho Beltramin, Lucas Trentini Bordin, Gabriel Sulzbach Santos e Ana Julia Nedel, irmã das medalhistas de ouro Bárbara (2005 e 2007) e Débora Nedel (2008), que hoje estão cursando Medicina.

 

Escola Estadual Sepé Tiaraju:

- 1 medalha de bronze: Laís Kraftzuk

 

OBS: também foram conquistadas 30 menções honrosas

 

 




$result.label $result.label $result.label $result.label $result.label