Gabriella Morgado, de 16 anos, começou a trilhar um caminho na matemática quando se deparou com seu primeiro desafio: em 2018 não atingiu o desempenho que esperava na Olimpíada Matemática do Distrito Federal. O que para muitos poderia significar um impedimento, para Gabriella se tornou combustível e, em 2021, a jovem foi a brasileira que mais pontuou na Olimpíada Europeia de Matemática para Meninas (EGMO, na sigla em inglês). 

Por trás dessa conquista, tem muita história e dedicação. Com apenas 16 anos, a brasiliense participou da OBMEP (Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas) e da OBM (Olimpíada Brasileira de Matemática) e, aos poucos, foi ganhando ainda mais gosto pela área. 

“O estudo não foi ficando mais fácil, porque a matemática é sem limites, então sempre vai ter algo que te desafia. Não importa o quão bom ou ruim você seja, sempre tem algo para estudar que você ainda não dominou. E eu gosto disso! É o passatempo útil que eu mais gosto”, conta.

Gabriella participou da OBMEP pela primeira vez em 2018, mas foi na edição de 2019 que conquistou a medalha de ouro. O desempenho dela foi impulsionado pelas aulas no Polo Olímpico de Treinamento Intensivo (POTI), em Brasília. Com acesso aos diversos materiais preparatórios e aulas duas vezes por semana, Gabriella pode se dedicar a vários temas como álgebra, análise combinatória, geometria e teoria dos números.

“No início, me senti perdida e percebi que tinha que estudar, fui refazendo as listas de exercícios com o material do POTI, resolvendo problemas que eu não tinha ainda conseguido entender. Então, na segunda vez que fiz a OBMEP, eu já tinha treinado bastante com os exercícios. Quando eu vi que tinha chance de ser medalhista da OBM, quis estudar ainda mais!”, explica Gabriella. 

Por seu desempenho acadêmico, a aluna recebeu uma bolsa integral de estudo, que inclui moradia e alimentação, do Colégio Farias Brito, escola particular de Fortaleza (CE). Além de cursar o ensino médio regularmente, ela participa da equipe de Olimpíadas da escola.

Desde então, já foi medalhista de prata da Olimpíada Brasileira de Matemática (OBM) Nível 2, em 2020, e ainda recebeu menção honrosa na OBM Nível 3 em 2021. Também este ano, adicionou para a sua coleção a mais nova conquista, como brasileira que mais pontuou na Olimpíada Europeia de Matemática para Meninas (EGMO). 

A inspiração de Gabriella para seguir estudando vem de casa. O pai Carlos Alberto Morgado é administrador e professor universitário. Apesar de não ser docente da área, ele sempre a ajudou nos estudos e atraiu a atenção da filha com desenhos de figuras geométricas em 3D. “Acho que isso também me ajudou a ser apaixonada por matemática”, afirma.

A mãe da jovem, Mirene Joaquina da Conceição, relembra esses momentos em que o interesse da filha era evidente. “Quando Gabriella era muito pequena, o pai fazia esses desenhos e escrevia o nome dela com letras em 3D. Ela, mesmo ainda não alfabetizada, tentava copiar esses desenhos, e que se saía muito bem, para a pouca idade”, relata. 

Hoje, a mãe é só orgulho. “Não temos palavras para expressar o orgulho que sentimos. Gabriella, em tudo que faz e/ou participa, dá o seu melhor, sempre nos surpreende, indo além dos limites esperados!”, comemora.