Na cidade de Barbacena, interior de Minas Gerais, uma escola filantrópica está abrindo novos horizontes para crianças e adolescentes de baixa renda e em vulnerabilidade social. Wallison Philipi Assis Nésio de Oliveira, 13 anos, é um dos beneficiados pela atuação do Colégio São Francisco de Assis, onde cursa o 8º ano do Ensino Fundamental. Após uma intensa preparação para a OBMEP (Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas) oferecida pelo colégio, Wallison conquistou uma medalha de bronze em sua estreia na competição. A expectativa agora é que o reconhecimento abra portas para um futuro de muita matemática!
“Sempre me interessei pela Matemática e gosto principalmente das operações mais difíceis. Conheci a OBMEP por meio de uma apostila da escola, durante a quarentena, e a prova foi muito desafiante. Me senti tenso!”, relembrou o aluno, que tem um grau leve de Transtorno do Espectro Autista. Com a medalha em mãos, Wallison vai participar do Programa de Iniciação Científica Jr. (PIC), que oferece aulas aprofundadas de matemática em instituições de ensino superior e centros de pesquisa. “Quero ir mais além do que já fui. Sou o primeiro na família a ter uma conquista como essa”, disse.
A conquista contagiou toda a comunidade do Colégio São Francisco de Assis, que preparou um momento cívico de abertura do ano letivo para divulgar a medalha de Wallison e a menção honrosa de uma outra aluna na OBMEP. Cristina Marta de Assis, mãe do estudante, também recebeu com entusiasmo o feito do filho “Fiquei muito feliz com a conquista! Foi uma surpresa, embora eu sempre tenha acreditado no potencial dele, principalmente porque ele tem gosto e facilidade no estudo”, afirmou.
Além do preparo para a OBMEP, Colégio São Francisco de Assis oferece bolsa integral aos alunos
Parte da vitória na competição se deve ao esforço da equipe pedagógica do Colégio São Francisco de Assis em apresentar a matemática de uma forma cativante para os alunos e prepará-los para o desafio que os espera na competição. Fundada pela pela Congregação das Irmãs de São Francisco da Providência de Deus em 2017, a instituição de ensino preparou, no último ano, uma apostila para incentivar a participação dos estudantes na OBMEP. O conteúdo incluía problemas e desafios instigantes, que eram trabalhados em aulas de monitoria específicas para a olimpíada.
A preparação para a OBMEP não é o único destaque da escola. Uma equipe multidisciplinar composta de psicóloga, assistente social, orientadora educacional e coordenadora pedagógica oferece apoio aos alunos e famílias para que possam se desenvolver em todas as áreas. Através de uma bolsa integral de estudo concedida pela instituição, 350 crianças e adolescentes de baixa renda e em vulnerabilidade social conseguem acessar uma educação de qualidade.
A orientadora educacional Silvania de Almeida Lopes Viana conta que os desafios cresceram ainda mais durante a pandemia. “Conhecemos as dificuldades que os alunos e suas famílias estavam vivendo durante este período. Foi desafiador minimizar os danos no processo de aprendizagem com um trabalho remoto, que até então era inexistente. O esforço, carinho e dedicação da equipe foi retribuído pelos alunos que não se evadiram da escola, mas se mantiveram conectados, fosse através de seus celulares ou das apostilas”, afirmou.
Mesmo com estes empecilhos, a escola garantiu que ninguém ficasse para trás, oferecendo apoio em diversas frentes. Além de arrecadar 80 aparelhos de telefone para famílias com condições financeiras escassas, possibilitando que as crianças pudessem acompanhar o conteúdo durante o ensino remoto, a escola também oferece todas as refeições, vestuário e material escolar para seus alunos. “Saber que um dos nossos alunos superou todas essas dificuldades e conquistou uma medalha de bronze em sua primeira participação na OBMEP é simplesmente maravilhoso para todos nós”, comemorou Silvania.
Para a orientadora educacional, a conquista de uma menção honrosa por uma aluna em 2019, apenas dois anos depois da abertura do colégio, foi o pontapé para engajar alunos e professores na competição. “Desde então, nossos alunos viram que era possível conquistar resultados significativos e que valia a pena toda dedicação aos estudos. Desta vez, o resultado final, com uma menção honrosa no Nível 2 e uma medalha de bronze no Nível 1, foi uma coroação de todo o trabalho realizado pela escola e o envolvimento dos alunos e famílias”, orgulhou-se.