Para as gêmeas Sofia e Romana Galvão, de 19 anos, a OBMEP tem um poder transformador na vida dos estudantes. Filhas da pedagoga Margareth Severo e do motorista aposentado José Irani, as irmãs moram em Parnamirim, no Rio Grande do Norte, e já foram premiadas por seis anos consecutivos na olimpíada.
Dedicadas aos estudos e motivadas pelos pais, as irmãs são as únicas amantes de matemática na família. A mãe, Margareth, brincava que só era capaz de acompanhar e ajudar as filhas na matéria até o Ensino Fundamental I, depois a matemática se tornava muito complicada. Com isso, elas começaram a desenvolver suas próprias técnicas de estudo: as duas faziam os exercícios do livro didático de matemática antes mesmo do início do ano letivo.
“Nossa família reconhece o estudo e sempre nos incentivou muito. Na nossa casa, estudar é muito valorizado, principalmente porque sabemos que é uma grande ferramenta de ascensão social”, contou Sofia.
Margareth se enche de orgulho ao falar das filhas e das conquistas atingidas na OBMEP. As irmãs contaram que ela foi uma das que mais ficou feliz com o desempenho na olimpíada ao longo dos anos. Para a mãe das gêmeas, saber que elas são medalhistas é gratificante. “Mostra que esforço, foco e dedicação valem a pena”.
A relação com a matemática nem sempre foi de amor. “Antes de conhecer a OBMEP nossa relação era inexistente. No sexto ano começamos a fazer provas, nos envolvemos e aí despertamos esse interesse pelas exatas. A OBMEP foi responsável por isso”, contou Romana, que já pensou em cursar Direito.
A 16ª edição da olimpíada foi especial para elas. Pela primeira vez, as irmãs foram medalhistas de ouro juntas. Para Romana, ver a Sofia ter sido medalhista de ouro em edições anteriores, na 12ª e na 14ª, contribuiu e serviu de inspiração para atingir sua meta mais alta. Ela já havia sido medalhista de prata e bronze em outras edições, mas sempre sonhou com a medalha de ouro.
Para comemorar a conquista, elas viajaram mais de dois mil quilômetros até Florianópolis, para a Cerimônia Nacional de Premiação. “É a minha primeira vez na cerimônia e sempre foi um sonho. Sempre batia na trave para ganhar o ouro e fiquei sem saber se conseguiria. Dessa vez consegui e vim para esse evento tão especial e transformador na minha vida”, destacou Romana.
“Emocionante” foi como Sofia definiu o momento em que a irmã recebeu a notícia da medalha de ouro e da participação na cerimônia. Ela, que já é veterana nos eventos, sabia o quanto a irmã sonhava com esse momento. “Ela sempre quis tanto. É muito especial dividir isso com ela”.
As irmãs destacam que a OBMEP também trouxe diversas oportunidades na vida delas. Sofia conta que através das conquistas teve a oportunidade de “pensar além das fronteiras do município”, viajar e conhecer pessoas de todo o Brasil que também tenham tanto gosto pela matemática quanto ela.
“Eu acho que a OBMEP pode ser considerada transformadora. Participei das olimpíadas de química, física e astronomia, e a OBMEP foi a porta de entrada. Considero que ela é a porta de transformação de muitas vidas, principalmente de estudantes que estão em situação de vulnerabilidade social, alunos que estudam em escolas públicas e o [ensino] é deficiente. Esses talentos acabam ficando um pouco escondidos e a OBMEP é que traz à tona todos eles para o nosso país”, contou Sofia.
As irmãs conheceram a OBMEP ainda no 6º ano do Ensino Fundamental, na escola municipal de Parnamirim. A partir do primeiro ano do Ensino Médio, elas passaram a estudar no Instituto Federal Rio Grande do Norte - Sofia no campus de Parnamirim, e Romana no campus de Natal. Ao longo da trajetória, elas colecionam dez medalhas: quatro de ouro, três de prata e três de bronze. Além de três menções honrosas.
A 16ª edição foi a última participação delas na OBMEP que concluíram o Ensino Médio em 2022. Atualmente, Sofia cursa engenharia elétrica na Universidade Federal do Rio Grande do Norte e Romana estuda para o vestibular do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA).