Meire Vidal e Natanael Martins mal acreditaram quando a pedagoga da escola noticiou que o filho, Arthur Yaveh Vidal, 8 anos, portador de autismo e de transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH), havia conquistado medalha de ouro em uma Olimpíada tão concorrida como a Olimpíada Mirim - OBMEP.
O menino está indo para o 3º ano do Ensino Fundamental, na Escola Municipal General Tibúrcio, em Cariacica (ES), e já tem essa vitória no currículo. “Arthur sempre se deu bem com a matemática e, ganhar uma medalha de ouro na OBMEP Mirim com apenas 8 anos nos enche de orgulho e nos anima em relação às conquistas que ele terá pela frente. Com certeza, esta é a primeira de muitas!”, disse Meire, que cursa fisioterapia.
Arthur recebeu o diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista (TEA) recentemente. Os pais inicialmente observaram algumas diferenças na forma como o filho socializava e interagia desde os 3 anos, mas isso ficou mais visível com a entrada na escola. Só um ano atrás, o laudo do filho como portador de autismo e TDAH foi concluído.
Meire se preocupava com o aprendizado do filho, mas a relação de Arthur com a matemática sempre foi diferente. “Enquanto tem dificuldade para ler, por causa do autismo, com a matemática é o contrário, sempre teve um hiperfoco. A premiação na OBMEP confirma o que eu já tínhamos entendido: o autismo não limita Arthur em nada.
"Gosto muito de matemática e essa medalha é uma mensagem para todos os autistas. Nós podemos ser tudo o que quisermos ser", disse Arthur, ao receber a medalha na escola.
Ele quer ser cientista e desde mais novo seus brinquedos preferidos têm relação com o tema, como foguetes, por exemplo. Há algum tempo tem aulas extras para se adaptar melhor aos conteúdos escolares, uma vez que o TDAH faz com que a atenção de Arthur seja diferente para cada matéria escolar.
“Para nós, pais, é magnífico. Concluímos que estamos no caminho certo na educação do nosso filho. Pela condição do autismo, ele não externaliza tanto seus sentimentos, então sempre reforçamos o quanto estamos orgulhosos dele e dessa conquista.”
A segunda edição da OBMEP Mirim, em 2023, contou com mais de 4,2 milhões de alunos em todo o Brasil. A expansão da OBMEP para estudantes do 2º ao 5º ano do ensino fundamental pretende incentivar os mais novos a apreciarem a matemática descomplicada e divertida desde pequenos.
Outros alunos com autismo já foram medalhistas de ouro na OBMEP, como a estudante Mariana Warmling, de 14 anos, explicou ao jornal O Globo. “Sempre fui boa em matemática porque acho mais fácil de entender. Por conta do autismo, tenho dificuldade em português. Tirinhas de humor e expressões como ‘colocar o pé na jaca’ eu não entendo. Nessas horas, as professoras sentam ao meu lado e me explicam de um jeito mais literal. Elas também me ajudam a me concentrar em momentos de barulho, que me incomodam muito”, disse Mariana que tem o sonho de estudar física em Harvard.
O paulista Tiago Yukio, 18 anos, foi diagnosticado com autismo aos 6. Com extrema aptidão para os números desde criança, chegava a ensinar aos professores formas de resolução das equações. Com o ouro na OBMEP, tenta vaga no ensino superior para cursar física ou programação. “Já sei programar Python, HTML, aprendi inglês sozinho e sei o básico de japonês. Logo vou para a faculdade”, disse Tiago