Nascido na zona rural de São Lourenço do Sul (RS), Diogo Marth, de 20 anos, conta que a OBMEP foi responsável por apresentá-lo a uma realidade que vai muito “além da sala de aula”. Filho de vendedores de produtos agrícolas, o jovem é categórico ao afirmar que a OBMEP foi o “ponto de partida” da sua vida acadêmica.
Foi a partir da primeira medalha, um bronze conquistado em 2015, durante o 6º ano do Ensino Fundamental, que o estudante conheceu o PIC (Programa de Iniciação Científica Jr). O projeto, que oferece aulas avançadas em matemática e, atualmente, uma bolsa de R$ 300 aos alunos de escolas públicas que integram o programa, foi decisivo para que Marth escolhesse aprimorar cada vez mais os estudos.
“A OBMEP me mostrou que era possível alcançar uma realidade diferente daquela vivida pelos meus pais. Com certeza, a Olimpíada mudou muito a minha vida. Conforme ia sendo premiado, a OBMEP me possibilitava viagens, conhecer pessoas novas, com perspectivas maiores, com ideias de mundo diferentes do que eu estava acostumado. A Olimpíada foi o meu ponto de partida para tudo que fiz depois”, conta o medalhista.
Marth participou oito vezes da OBMEP. Foram três medalhas de bronze, duas de prata e três de ouro. A última dourada ele recebeu na Cerimônia Nacional de Premiação da Olimpíada, realizada em 11 de junho no Rio de Janeiro.
No evento, o estudante relembrou sua trajetória: aos 15 anos, ele deixou a casa dos pais no interior de São Lourenço do Sul e foi morar em Pelotas para estudar no Instituto Federal Sul Rio Grandense. A decisão, segundo ele, foi motivada pelas novas perspectivas apresentadas pela Olimpíada. “Precisei buscar uma qualidade de ensino melhor. Para isso tive que morar sozinho. Foi uma mudança muito brusca”, lembrou.
Desse momento em diante, a participação em atividades acadêmicas foi se consolidando cada vez mais. Diogo passou a ser monitor de matemática na escola. Depois, foi um dos dez alunos selecionados para participar do Sakura Science High School Program (Brazil), um programa de intercâmbio promovido pelo governo japonês, em parceria com os Institutos Federais nacionais, para estudantes brasileiros de destaque nas áreas de ciência e tecnologia. “Foi um dos momentos mais incríveis que aconteceu na minha vida e isso só foi possível graças ao poder da educação na minha ”, garantiu.
No Japão, o estudante visitou centros de pesquisa e universidades do país, participou de seminários e outras atividades ao lado de alunos do Ensino Médio japonês e de outros países participantes, como Argentina, Chile, Sri Lanka, Taiwan e Nepal.
Para o medalhista da OBMEP, essa experiência só foi possível pelo somatório de certificados em Olimpíadas e atividades acadêmicas que acumulou ao longo dos anos. Além da OBMEP, o jovem também foi premiado em competições científicas de astronomia, química, física e biologia.
Motivado pelos estudos, recentemente, o medalhista mudou novamente de cidade. Dessa vez, para Porto Alegre, onde cursa o primeiro período de medicina na UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul). “Acabei não indo para a matemática, porque eu sempre gostei de muita coisa. Então, eu tive que optar por uma área, optar por alguma coisa que eu quisesse me dedicar. Eu optei por medicina.”